7 de abril de 2010

Abandono?

“Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste”?(Mat 27:46)

A paternidade de Deus, sua essência que é o amor, nunca combinaram com esse texto em minha opinião. Como um Pai que é tão bom, pode abandonar o seu próprio filho no momento mais difícil da sua vida? Como pode se somar aos outros que simplesmente se esconderam e fugiram na hora da crucificação? Que amor é esse? Como se explica o Seu silêncio naquele momento? Por que o abandono? Foi o próprio Jesus que fez essa pergunta. Ele mesmo não entendia...
Sempre me ensinaram que esse abandono se deu pelo fato de Jesus levar naquele momento sobre si todos os pecados da humanidade, e não eram poucos. Por isso a comunhão entre o pai e o Filho havia sido interrompida. Em parte isso é verdade. Definitivamente Deus é Santo e não tem comunhão alguma com o pecado. Mas essa história de abandono eu não consigo engolir.
É verdade que o pecado nos afasta de Deus sim, mas NOS afasta de Deus. Não O afasta de nós.
A iniciativa da reconciliação desde o princípio foi de Dele.
Lembra que quando Adão pecou, tentou se esconder de Deus? Por causa da vergonha do pecado quis fugir. É óbvio que Deus já sabia o que tinha acontecido; mesmo assim veio ao encontro de Adão na virada do dia e uma vez exposto o pecado, o próprio Deus providenciou o primeiro sacrifício, “fez roupas de peles e com elas vestiu Adão e sua mulher” (Gen 3:21).
Deus nunca abandonou Jesus, assim como ele nunca nos abandonou. Precisamos lembrar que quando Jesus bradou “por que me abandonaste?” ele era totalmente Deus e totalmente homem. Estava sofrendo no seu corpo e na sua alma todos os males que afligem a humanidade. Estava sofrendo uma morte injusta e cruel, a rejeição e o abandono daqueles que caminhavam com ele e que se diziam seus amigos, a vergonha, a humilhação e a dor de ter seu corpo dilacerado e pendurado numa cruz.
O mesmo que tanto acontece conosco aconteceu com Jesus. Quantas vezes a dor que sentimos é tão grande que não nos permite ver o Pai ali perto. Sentimos-nos sós. Parece até que Deus foi dar uma voltinha, tirou férias, ou simplesmente está indiferente. Silêncio...
Acho que foi assim que Jesus se sentiu. Por um breve instante a dor pareceu maior que o amor de Deus por Ele. Naquele momento o Pai se tornou para Ele, Deus.
O problema é que a gente geralmente para por aí. Esquecemos que logo Ele tira os olhos da sua dor e vê o Pai novamente. Posso imaginar Jesus vendo o Pai ali perto olhando em seus olhos, acariciando seu rosto e dizendo “Estou aqui Filho! Está doendo em mim também, mas vai valer a pena!”. É quando Jesus o chama novamente de Pai e entrega em Suas mãos o seu espírito (Lucas 23:46).
Às vezes isso acontece comigo também. Tudo fica silencioso, quieto, olho ao redor e não vejo ninguém. Jesus!!! Cadê você? Pensei que estaria comigo sempre!!! Todos se foram... Até você?? Essa dúvida só dura um instante... levanto meus olhos e o vejo. Seu olhar é sincero, Ele realmente se importa. Ele sabe o que é se sentir só. Eu só precisei levantar os meus olhos, logo tive a certeza de que Ele sempre esteve do meu lado. Duvidar disso é duvidar do seu amor e de quem Ele É.
Por isso por maior que seja a dor, e por mais forte que seja a sensação de que estamos sós, maior é a certeza de que Ele SEMPRE está perto.

4 comentários:

  1. Olá!

    Ótimo post. Vi o livro "A cabana" entre suas indicações. Gosto da maneira como o relacionamento da Trindade é exposto no livro, faz a gente pensar né?

    Deus abençoe vc!

    ResponderExcluir
  2. Amada da tia, o Senhor tem fortalecido voce em meio as tempestades, e voce tem crescido espiritualmente, os propositos do senhor para sua vida são grandiosos, eu profetizo essas palavras.

    bjos tia santa

    ResponderExcluir
  3. Amém tia Santa!estou lisonjeada com a sua presença e com as suas palavras...o que eu mais desejo hoje é viver esses propósitos e não apenas vislumbrá-los.
    muitos beijos!!!

    ResponderExcluir