7 de outubro de 2011

O coração

Eu a ouvia, de longe, em silêncio, quando ela Te dizia: pega meu coração. Ele está meio amassadinho, mas é que eu tentei consertá-lo sozinha, mas não consegui. Pega ele, vai. Não me deixa aqui, sozinha, tentando consertá-lo com minhas mãos incapazes. Com minha habilidade zero. Pega meu coração e desamassa, por favor!

Eu chorei quando ouvi ela Te dizendo: sabe o que é?! É que meu coração foi pisoteado. Ele ficou em pedaços. Doeu tanto. Aí eu o peguei do chão, com dor, com minhas mãos pequenas, e tentei consertar as coisas. Mas eu não dava conta sozinha. Eu sabia que não conseguiria. Mas eu tentei. Então ele ficou assim, amassado, com umas marcas que ainda fazem doer. Doer muito.

Aí sorri quando ouvi: eu tentava tanto consertar as coisas. Eu me esforçava. Tentava ser delicada, refazendo meu coração com cuidado. Mas era tudo em vão. Ele ia ficando feio, sem forma, amassado. Eu não conseguia resultados até que me toquei, então, que existe alguém que pode fazer meu coração ficar inteirinho, bem bonito novamente. Sem marcas, sem amassados, sem remendos. Me toquei que Você é como um oleiro que molda cuidadosamente o vaso até que ele fique no formato perfeito. É tão bonito ver o cuidado que o oleiro tem enquanto faz sua obra. Ele fica em silêncio, ali, sozinho, trabalhando, dando forma a um monte de barro feio e desforme. Enquanto imaginava a cena do oleiro, eu Te via, moldando meu coração. Eu Te via, tratando aquele coraçãozinho todo desforme, com todo cuidado e carinho. Eu via Você em silêncio, trabalhando, dando a forma perfeita. Foi aí que decidi colocar o meu feio coração nas Tuas mãos de oleiro. Nas Tuas mãos perfeitas, que dão a forma perfeita, que não deixa marcas nem amassados. Por isso estou aqui, Te dizendo: pega meu coração, vai. Pega esse montinho de barro mal formado, essa tentativa de reconstrução minha, e faça seu vaso perfeito. Por favor!

Entendi muita coisa, então, quando ouvi ela Te dizendo: mesmo eu já tendo Te entregue meu coração, eu sentia vontade de fazer isso todas as noites. Eu achava que Você não me escutava, que Você tinha saído de perto de mim e não havia pego meu coração. Eu chorava e clamava por uma resposta Tua, queria ouvir Você falando comigo. Até que entendi que Você já pegou meu coração amassado. Você já está trabalhando nele. E assim como o oleiro, Você está trabalhando em silêncio, com cuidado, para não ficar nenhuma marquinha. Você está dando a forma perfeita. Você já está trabalhando. E eu achando que Você nem me ouvia mais, que estava distante, me ignorando. Obrigada por aceitar meu pobre e feio coração em Tuas mãos. Obrigada por cuidar dele com carinho, com esmero. Obrigada por trabalhar nele com o Seu amor. Eu sei que quando recebê-lo de volta eu mal vou reconhecer. Eu sei que vou receber um coração limpo, puro e perfeito. Sem dobrinhas, amassadinhos, rachaduras ou pedaço faltando. Eu sei que vou receber uma obra perfeita, refeita pelas mãos do maior e melhor oleiro. Pelas mãos do mais perfeito artista.

Me fez bem ouvi-la falando com Você. Me fez bem! Obrigada por estar cuidando do que ela tem de mais preciso: o coração.

Extraído do blog www.http://certezaquesim.blogspot.com

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