11 de junho de 2011

Eu te amo.Pronto, falei

Por Fábio Ramalho

São apenas três palavras. Um pronome do caso reto, um pronome oblíquo átono e um verbo flexionado. Sintaticamente parece difícil, mas mais complicado que entender é escutar alguém dizer isso nos dias de hoje. As pessoas esqueceram que demonstrar amor não é brega.

Os argumentos são dos mais variáveis. Que isso é muito sério de ser dito; que só pode ser demonstrado em casos extremos de afeto; e até que dizer isso deixa a pessoa “entregue” demais em uma relação. Mas porque “amar” só está ligado ao relacionamento entre duas pessoas no contexto “casal” no imaginário popular? Não consegui encontrar uma gramática sequer que diga este verbo dependa da relação estabelecida.

Eu digo “eu te amo” com muito mais freqüência do que escuto. Não porque não seja amado, tenho certeza que não é isso! Também não acredito que dizer isso bestifica o ato tão nobre do “amar”. O amor permeia várias relações, tem nuances mil.

Outro dia conversava com um amigo que me contava que tem dificuldade de dizer aos pais que os ama. Eu também já tive vergonha na adolescência. Mas na idade adulta - quando eles já estão naturalmente na terceira idade - porque não dizer? Todas as vezes que falo com minha mão ao telefone eu termino dizendo exatamente isso. Sou do tempo em que se ainda pedia benção para a mãe ao se aproximar ou se despedir dela. Tudo bem que não é um hábito tão corriqueiro, mas aprendi seu valor. Quem me dera ter essa maturidade antes. Eu teria dito muito mais vezes “eu te amo” ao meu pai antes de sua partida. E hoje o que dizemos e escutamos dos nossos filhos?

Não sei que espírito foi esse que hoje baixou em mim. Talvez seja a proximidade com o dia dos namorados que invoca o “eu te amo” mercantilizado em dose de apenas um dia. Talvez tenha sido a matéria que exibimos ontem, onde um casal que morava junto há 3 anos nunca havia escutado esse “eu te amo” um do outro!

Calma. Minha idéia não é que todos devam dizer um singelo “eu te amo” no lugar do tradicional “bom dia” na porta do elevador. Também não acho que essas três palavrinhas devam passar pela cabeça e sair pela boca sem realmente se perceber o sentido de tal frase. Com diz o ditado: “nem tanto ao mar, nem tanto à terra.” Mas porque só dizer eu te amo para quem é namorado ou namorada no dia 12 de junho? Dava até pra começar uma campanha aqui do “eu te amo” - mesmo para quem não é namorado - desde que se ame, em qualquer esfera que o sentimento possa estar.
Eu digo, sem vergonha alguma, “eu te amo” - em letras garrafais - para as pessoas que fazem parte da minha vida e me retribuem esse carinho. Cabem nos dedos de uma mão esa contagem, mas eu digo. Se não valer a premissa cristã bíblica que trata do amor, que pelo menos valha o construtivismo até de quem não acredita em nada. Não falar por vergonha, medo ou exitação... não rola.

Quem se sente amado e demonstra amar valoriza mais a vida. Mesmo me sentindo o demagogo de plantão, preciso dizer: quem ouve e fala isso pensa duas vezes antes de puxar um gatilho, de agredir, de injuriar. Numa relação de "casal" então nem se fala. Ou melhor... se fala sim! Se expõe o quando se sente.

Diga isso hoje. Você pode ter uma surpresa em troca.

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